terça-feira, julho 27, 2010

Dama

Manhã de terça-feira,
corpo delgado envolvido em seda.

Também descalço,
observa pela soleira, o campo e a poeira assentada.

Nem parece que na noite passada, 
estava exaltada.

Ao longe ouve-se as águas, 
que formam uma cachoeira.

E as cinzas na lareira são resquícios, 
de que ali jaz uma fogueira.

Em sua cama adormecido, 
um estranho conhecido.

O quarto nada adornado, 
apenas a presença humana que o deixou acalorado.

Em um canto uma rosa murcha e solitária,
que um dia foi mescla de vivacidade e luxuria.

Desgastada, 
de sua jovialidade. 

Isso a faz refletir
E desolada, sai sem despedir.

Pobre mulher semi nua,
corre desvairada, sem perceber que é seguida.

De repente,
pelo braço é enlaçada.

Agora mais calma percebe,
o estranho conhecido,
que em sua cama estava adormecido.

Após ter suas lagrima enxugadas, 
pela presença masculina que a acalmara.

Se sente acanhada, não pela nudez,
mas pela lucidez que lhe retornou como face corada.

Com um sorriso delicado,
percebe que o tempo todo era seu amado. 

segunda-feira, julho 26, 2010

Palavras

Após esboçadas
Com sentimentos se tornam animadas
No chamado papiro antigamente
Até o papel no presente

Sejam elas:

incoerentes,
entranhas,
convenientes,
frustradas,
convicentes,
raras,
atraentes,
impertinentes,
abreviadas.

Vindas da imaginação,
logo se tornam uma extensão.

Invadindo privacidades, intelectos.

Explicando desejos, anseios.

Rimando mutuamente
Nem sempre compreendidas,
mas interessantemente expressadas.

Em seus variados idiomas,
em desvairados modos.

Transmitem:

tranquilidade,
agitação,
afabilidade,
intenção,
imagens,
animalidade,
coragem,
legitimidade,
paixão.

Entrando em fusão,
formando-se incessantemente.

Confissões,
desapontamentos.

Desilusões,
arrebatamentos.

Insanidades,
momentos.

Prosseguindo com o seu autor indeterminadamente.
Compondo-se aqui poeticamente

terça-feira, julho 06, 2010

Fadigado amor

Na madrugada,
leve brisa gelada.

Porta entreaberta e numa fresta,
por mim observado,
meu bem,
meu amado.

No silencio do teu sono, 
no suspirar da minha insânia
Por ti espero.

Tua respiração ofegante.
E de mim estás tão distante.

Aposto que pensas em mim, 
inconscientemente.

Mas cá estou para velar-te eternamente.

O amor salta a penumbra do meu ser,
como lágrimas que teima sobre minha face escorrer

Teus olhos negros.
Teus lábios, agora cerrados.

Tua pele pálida sobre a luz do luar,
teu corpo sobre a cama a repousar.

Eu, apenas cansei de esperar.